Olinda Maria Noronha, professora livre docente da área de história da educação, lecionou na Faculdade de Educação da Unicamp até sua aposentadoria, quando tornou-se professora colaboradora da mesma universidade, mantendo-se ativa na produção científica e na orientação de dezenas de mestrados e doutorados.
A Professora Olinda fez parte da geração de educadores que participou da resistência à ditadura empresarial militar e organizou a luta pela escola pública na transição para a Nova República. Como uma intelectual orgânica da classe trabalhadora formou gerações de professoras da educação básica e contribuiu significativamente, por meio de livros, artigos e cursos, com a produção de conhecimentos na área da educação, com ênfase para os temas da história e historiografia brasileira, trabalho e educação.
Caracterizada por sua humildade e horizontalidade nas relações que estabelecia com todos, em especial com aqueles/as que formava na graduação e na pós-graduação, foi uma mulher de seu tempo que se dividiu em muitas e multiplicou sua força como educadora, intelectual e mãe.
Parafraseando Ítalo Calvino quando fala da cidade de Zaíra, no momento em que nos lembramos dela, nos encharcamos de recordações, contudo uma descrição seria incapaz de conter todo o seu passado, afinal, "a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras”.
Fica a saudade e as marcas do pensamento, delicadeza e afetos carinhosos que foram registros certos que a grande professora deixou em cada um (a) que teve o privilégio do convívio com ela.