O meio ambiente em meio à sua destruição

A “consciência ecológica” só veio a se disseminar na atualidade quando o capitalismo, com sua insaciável busca de lucros, tomou conta de todo o globo levando a níveis intoleráveis o processo de destruição da natureza

A espécie humana é composta por seres que, para existir, não lhes basta adaptar-se à natureza como ocorre com os demais animais. Os seres humanos necessitam agir sobre a natureza ajustando-a às suas necessidades. Agem, pois, em sentido contrário ao que fazem os outros animais: em lugar de se adaptar à natureza eles necessitam, por meio do trabalho, adaptar a natureza a si. Isso significa que a natureza é a fonte perene da existência humana, sendo dela que a humanidade retira cotidianamente os meios de sua sobrevivência. É a natureza que nos fornece o ar que respiramos e da qual provém a água que não apenas sacia nossa sede, mas que se constitui na origem da vida sem a qual nenhum ser vivo, seja do reino vegetal ou animal pode sobreviver; é ainda a natureza que nos proporciona os frutos que comemos e a terra na qual abrimos covas para plantar nossos alimentos e para abrigar nossos mortos. E é também a natureza que fornece o calor que nos aquece, as matérias primas para produzirmos nossos instrumentos com os quais transformamos outras matérias primas em novos produtos para atender às nossas necessidades reais ou supérfluas.

Enquanto os homens viviam no “reino da pura necessidade” extraindo da natureza os elementos necessários à sua sobrevivência, não aparecia a questão da destruição da natureza como um problema. A “consciência ecológica” só veio a se disseminar na atualidade quando o capitalismo, com sua insaciável busca de lucros, tomou conta de todo o globo levando a níveis intoleráveis o processo de destruição da natureza. Essa situação calamitosa vem provocando um desenvolvimento crescente da consciência ambiental, o que conduziu a ONU, em sua Assembleia Geral de 1972, a instituir o Dia Mundial do Meio Ambiente a ser comemorado anualmente no dia 5 de junho, provocando o governo brasileiro a estabelecer, pelo Decreto Federal 86.028[1], de 27 de maio de 1981, a primeira semana de junho como a Semana do Meio Ambiente.

Assim, em plena semana do Meio Ambiente, que neste ano de 2021 se encerra no sábado, dia 5 de junho, consagrado ao Dia Mundial do Meio Ambiente... suprema ironia! Em flagrante contradição com o aguçamento mundial da consciência ecológica nos encontramos, no Brasil, diante de um governo cuja política deliberada é exatamente a destruição contínua e implacável do Meio Ambiente executando, ao pé da letra, o propósito do presidente Jair Bolsonaro: "não vim para construir; vim destruir". Temos, consequentemente, um Ministro do Meio Ambiente que defende e promove a exploração das áreas de preservação e das terras indígenas, que desmonta os órgãos de fiscalização e, agindo em sentido contrário, estimula e acoberta a exportação contrabandeada de toneladas de madeira nobre da Amazônia; uma FUNAI (Fundação Nacional do Índio) que, em lugar de proteger os índios, estimula a invasão de suas terras e os ataques de madeireiros e garimpeiros queimando aldeias e assassinando lideranças rurais, indígenas e quilombolas; um IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) que, em lugar de fiscalizar e proteger o Meio Ambiente libera e estimula o corte de madeira e o garimpo ilegais. Em suma, estamos diante de um governo criminoso que precisa ser imediatamente interrompido antes que a avalanche de destruição se torne irreversível.

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