TROTSKY[1]
Lev (Leão) Davidovitch Bronstein é conhecido por Trotsky, nome que adotou como disfarce e para sempre, na sua fuga da Sibéria, em 1900, para onde tinha sido mandado quando preso pela polícia do czar em 1988. Nasceu em Ianokova, na Ucrânia, a 26 de outubro de 1879. Estudou matemática em Odessa onde se ligou aos revolucionários ativistas social - democratas. Após a sua fuga da Sibéria reuniu-se, em 1902, com Lenin e Plekanov em Londres, onde colaborou como redator do jornal Iskra (A Centelha). Em 1903, quando da cisão dos sociais-democratas em bolchebiques e mencheviques, Trotsky ficou ao lado dos últimos. Voltou à Rússia em 1905 para participar do movimento revolucionário, neste ano escreve Istoriia Revolutssi (História da Revolução), foi eleito presidente do soviet (conselho) de São Petersburgo. É de 1906 a sua obra Balanço e Perspectivas escrita no calor da primeira revolução russa. Conforme Quartim de Moraes (História do Marxismo no Brasil, vol II) Trotsky, utilizando um método eminentemente dialético, em ruptura com o economicismo e o materialismo vulgar dominante chega neste texto, a conclusões bastante originais, entre elas que a burguesia russa já não poderia desempenhar um papel equivalente ao da burguesia francesa em 1789, o que era aceito por outros revolucionários como Rosa Luxemburgo e com algumas restrições por Lenin e a tese da revolução permanente e de sua extensão internacional. Tema ao qual retorna em 1932, no texto A Revolução Permanente. Em 1907 foi novamente preso e mandado para a Sibéria, a caminho conseguiu se evadir para a Finlândia. Indo para Viena, fundou o jornal Pravda (A Verdade) que circulou, então, clandestinamente na Rússia. No início da Primeira Guerra Mundial mudou-se para Paris, onde colaborou com Nache Slovo (Nossa Palavra). Em janeiro de 1917, por conta das pressões do regime russo, junto ao governo francês, foi com a família para New York, em março, informado da abdicação do czar Nicolau II, decidiu voltar à Rússia, quando então fez adesão aos bolchevistas em julho do mesmo ano. Via nas Teses de Abril de Lenin a confirmação da sua teoria da revolução. Com a eleição de Lenin para a presidência do Soviet supremo, Trotsky foi nomeado Comissário dos Negócios Estrangeiros. Nesta condição colaborou nas conversações com a Alemanha para a retirada da Rússia da guerra, que resultaram no Tratado de Brest-Litovsky (1918). Mesmo sendo contrário à negociação em separado, aderiu, na prática, à tese de Lenin que desejava a paz imediatamente. Decisiva foi sua participação na organização do Exército Vermelho e sua atuação para a consolidação do regime bolchevista. Divergindo fequentemente no plano teórico e prático de Lenin teve sempre no governo deste, estreita colaboração. No Partido teve forte oposição de Stalin, Kamenev, Zinoviev . Com a morte de Lenin em 1924 a sua situação, no Politburo piorou e acabou por ser acusado de fomentar uma oposição no Partido. Perdeu seus postos no governo em 1925, foi excluído do Partido em 1927, exilado em Alma – Ata, na Ásia central e depois expulso para a Turquia, em 1929. Em 1932 perdeu os direitos de cidadão soviético, exilado na França, ao caducar o seu passaporte, transferiu-se para a Noruega em 1935. Após um tempo de detenção e pedido de extradição do Regime de Stálin. Perseguido, exilou-se no México, em 1937. Até agosto de 1940 quando foi assassinado em Cayoácon pelo espanhol Ramon Mercador, sob e nome francês de Jacques Monard, liderou os comunistas exilados discordantes do Regime de Stálin. Além da sua teoria sobre a revolução permanente, uma outra contribuição de Trotsky é a sua análise crítica da URSS de Stálin através do conceito de degeneração burocrática. Desde o seu texto de 1923 - Novo Curso até ao de 1935 - A Revolução Traída, Trotsky vai desenvolver uma análise de conjuntura da degeneração burocrática da URSS, que o conduz à afirmação da necessidade de uma nova revolução política. Os estudos de Gramcsi sobre as estratégias de guerra do Exército Vermelho e das atuações do Regime da URSS durante a Primeira Guerra Mundial terão contribuído para as suas formulações sobre sociedade, leste e oeste e os conceitos de hegemonia, posição e movimento.