Imigração Holandesa no Brasil

Significado: 

Na região Sul do Brasil encontram-se um número significativo de imigrantes vindos da Europa desde o século XIX. A chegada destes imigrantes oscilava, sendo que no início do século XIX veio “Um número menor de imigrantes foi estabelecido como pequenos proprietários nos núcleos coloniais etnicamente homogêneos, em especial, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.” (NASCIMENTO, 2004, p.29). O Estado do Paraná apresenta umas das maiores heterogeneidades étnicas no sul do Brasil. Existem grupos étnicos de origem alemã, polonesa, ucraniana, italiana, japonesa, portuguesa - povos que ajudaram a construir o Paraná de hoje.
“A estrutura social e econômica, formada desde os primórdios da colonização, atendia a uma sociedade escravocrata e a uma economia predominantemente agrícola. Era uma pequena população espalhada pelas vilas e lugarejos, formadas por cidades tranqüilas”(NASCIMENTO, 2004, p.25).

A segunda grande leva trouxe um grande “[..] impacto da chegada dos imigrantes, ao longo da segunda metade do século XIX, foi logo percebido na industrialização de Ponta Grossa e, também, em Curitiba, Palmeira, Lapa e em toda a região dos Campos Gerais-PR. (NASCIMENTO, 2004, p.88) Não se tem dados seguros do número de holandeses que entraram no país, pois a Holanda tem uma lei para garantir a privacidade de seus cidadãos fora do país, garantindo-lhes o direito da não obrigatoriedade de registro. Sem estatísticas oficiais, apenas estimativas podem ser feitas. Estas variam entre dez e trinta mil. Ao certo, não se sabe quantos holandeses vivem em nosso território. Comprovamos apenas que estão em todas as regiões do Brasil, envolvidos em diferentes atividades econômicas e sociais, compondo e atualizando o mosaico que sempre foi a cultura brasileira. São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul abrigam os maiores grupos de holandeses ou descendentes. Uma radiografia nestas comunidades revela diferenças em relação ao desenvolvimento, mas semelhanças culturais, mostrando de longe a cara da Holanda no Brasil. O perfil desta população inclui diferentes atividades, não se limitam a cidades e vilas com seus esterótipos moinhos ao centro, tamancos nas portas e bibelôs nas janelas, com cortinas rendadas brancas.

Cada um desses imigrantes organizou-se e atuou por meio da cooperação social, ocupando e usando o aparelhamento material a sua disposição e empenhando-se nas atividades para as quais o grupo foi estruturado no espaço, pois, ¨[...] toda organização é invariavelmente baseada e intimamente associada ao meio ambiente material. Nenhuma instituição está suspensa no ar ou flutuando de maneira vaga e indefinida, através do espaço¨ (MALINOVWSKI, 1970, p. 56).

A imigração holandesa em Castro ocorreu em dois momentos e lugares distintos: no início do século, em Carambeí - antigo distrito, e em 1950 em Castrolanda. Apesar das dificuldades, que foram muitas, como a perda de parte do rebanho que foi vítima de doenças e intoxicações, além da diferença cultural e lingüística dos imigrantes. Felizmente, os obstáculos foram vencidos; os imigrantes holandeses fizeram de Castrolanda uma comunidade organizada e estruturaram a Sociedade Cooperativa Castrolanda que, unida à Cooperativa Batavo e à Cooperativa Agrícola de Arapoti, formaram a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, responsável por uma das maiores bacias leiteiras do Brasil, localizada em Carambeí.

Deve-se pontuar que no começo do século XVIII ocorreu a colonização da região dos Campos Gerais com a fixação e formação de ¨currais¨ nas sesmarias concedidas a franceses, belgas, alemães, holandeses e outros. Também com o ciclo do tropeirismo, e os primeiros caminhos seguindo os vales dos rios e as trilhas dos índios, tornaram-se as veredas da civilização. Esses caminhos eram muitos, trilhas cortavam a terra, do Atlântico ao Pacífico. Conhecidos pelos nativos, provavelmente foram usados pelos espanhóis, portugueses, colonizadores e jesuítas, que acompanhados por batedores índios pararam naquele sítio mais tarde conhecido como Vau do Iapó. A principal chamava-se Peabiru.
Pelo regime de sesmarias, a Coroa Portuguesa concedia vastas extensões de terras às famílias que pretendessem aqui se fixar. O primeiro requerimento dessa natureza, feito por Pedro Taques de Almeida, data de 19 de março de 1704. Para realizar o trabalho de desbravamento, disputando o território com índios bravios, o sesmeiro contava com um grupo de pessoas formado por famílias, parentes, agregados, índios amansados e escravos de origem africana.

A Europa toda sofria com os rigores e os traumas deixados pela Segunda Guerra Mundial. Em 1951, cinqüenta famílias a bordo do navio Alioth, compostas de pecuaristas e agricultores, buscaram uma nova vida em um país livre da herança da guerra. Esses holandeses trouxeram consigo alguns equipamentos agrícolas, maquinários para a instalação de uma pequena fábrica de laticínios e mil cabeças de gado holandês, preto e branco, de alta linhagem. No início do século XX, um grupo vindo de Roterdã se instalou nos Campos Gerais do Paraná, formando depois a comunidade de Carambeí e abrindo caminho para os que vieram depois da Segunda Guerra Mundial, a partir do final da década de 1940. Apesar das dificuldades, fincaram pé em comunidades agrícolas, organizando-se em fortes cooperativas e abrindo passagem para os grandes investidores, que chegaram em peso, nos últimos três anos. O adido comercial da Embaixada dos Países Baixos, Humberto (Hubertus) Slegeers, explica o que atrai os holandeses no Brasil. Após a Segunda Guerra Mundial, acossados pela triste memória da ocupação nazista, os holandeses, em especial os agricultores, começaram a buscar no Brasil a paz e prosperidade. Em 1948, fundaram a colônia católica de Holambra, próximo a Campinas, no interior de São Paulo, que conta com mais de uma centena de empresas agrícolas. Expandiram-se, doze anos depois, fundando a Holambra II. A imigração holandesa em Carambeí iniciou-se em 1911, com Lundert Verschoor que estabeleceu contato com a Brazil Railway Company, uma companhia com planos de colonização para esta área, com objetivo da produção agrícola para a carga dos trens. O que não difere dos chamados Núcleos que eram grandes porções de terras, loteados em pequenas propriedades e vendidas aos imigrantes, geralmente a preços módicos. Situados próximos de estradas de ferro, os núcleos progrediam e em poucas décadas se transformavam em cidades. Ex: Cidades de: São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Nova Europa, Itanhaém, Nova Odessa, Ribeirão Pires (Estado de São Paulo), em outros estados ocorreu o mesmo. A colônia de Carambeí começou com 52 holandeses, representados pelas famílias: Verschoor, Vriesmann, De Geus, Voorsluys, Harms e Los. Em 1918, o português Carlos Ventura estabeleceu-se como capataz na fazenda do francês Capelle, mais tarde tornou-se proprietário da maior parte desta propriedade. Em julho de 1925 surgiu a Sociedade Cooperativa Holandesa de Laticínios, sendo que a marca Batavo vem desde 1928.O Município de Carambeí foi criado através da Lei Estadual N º 11.225 de 13 de dezembro de 1995, na sede do antigo Distrito de Carambeí, com território desmembrado dos municípios de Castro e Ponta Grossa.

Colaboradores: Comunidade Holandesa de Carmbeí
Fonte:
CORDEIRO, S. V. A. L. & WOISKI, R. Memória histórica das escolas de Carambeí e análise do Ciclo Básico de Alfabetização: um estudo de caso 1911 – 1998. (monografia de final de curso – Licenciatura em História, 1999)
Maria Isabel Moura Nascimento.A Primeira Escola de Professores dos Campos Gerais – PR,Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas,UNICAMP, 2004.

Verbete elaborado por Sonia V. Ap. Lima Cordeiro e Profa.Dra Maria Isabel Moura Nascimento

No Brasil, o primeiro “surto industrial” é entre 1885-1895, considerado tardio, se o compararmos ao desenvolvimento industrial na Inglaterra, Suécia, na Áustria-Hungria e Itália, desenvolvendo um capitalismo diferenciado e contraditório “[...] passando de uma fase ascendente de livre concorrência para uma fase monopolista onde o mercado mundial foi dividido entre as potências que já haviam realizado sua revolução industrial”. (LEONARDI, 1991, p.28).

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