Originado no século IV a.C., o estoicismo exerceu influência sobre outras doutrinas, especialmente o cristianismo, nos seus aspectos da teologia moral. Seus princípios mais evidentes são a conformação e imperturbabilidade, com inspiração nas doutrinas de Heráclito, Platão e Aristóteles. Surgiu mais ou menos quando da decadência de Atenas e do sistema político grego, a partir de Alexandre, a organização de cidade-estado foi sendo substituída pela de governo imperial e os líderes democratas pelos tiranos do império romano, por uma necessidade maior de uma filosofia que protegesse o homem grego. Em Roma, as expressões maiores do estoicismo foram Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio, quando, com suas máximas de virtude, passou a ser a base do ‘direito natural’, com grande força ideológica na atividade política, uma vez que vinculava o modelo das leis da natureza como forma de proteger o homem contra a opressão dos tiranos e do Estado Imperial. Essa forma de pensamento foi ganhando força e tanto era adequada para responder às inquietações como para enquadrar os espíritos militares dos romanos. (Maria Helena da Rocha Pereira, 1º v. p. 513). A partir daí, o Direito Natural foi se ampliando juntamente com a idéia de que o homem tinha direitos. Os estóicos foram uma força ideológica do cristianismo em formação, através de Sêneca. Assim, na sistematização do Cristianismo entraram várias formas do pensamento antigo, e o mundo cristão foi se amalgamando no estoicismo, no monoteísmo judaico, mitos orientais, pensamento essênico.
“Estóicos foram Cícero e Sêneca, dois luminares da literatura latina. Nos mártires do cristianismo, cuja resistência aos suplícios tanto nos assombra, havia, sem dúvida, a força da fé, a esperança do Paraíso, mas, decerto, também a velha influência prestigiosa do estoicismo, cujos princípios, largamente difundidos, tinham impregnado a educação dos cidadãos do Império” (Marco Aurélio, 1969, p. 9).
Alguns hábitos estóicos eram também hábitos cristãos como o ‘exame de consciência’ diário, a ‘meditação’, a abstenção de praticar o mal e até mesmo de se demorar em semelhante pensamento (o cristão no confiteor diz pecar em pensamentos, palavras e obras) O pai de Marco Aurélio, Antonino Pio (p.169), é citado por Jorge Benci (p. 169), na nota 13 de pé de página, como exemplo para os senhores coloniais. Além deste, Benci cita uma enorme plêiade de estóicos. Häring (1960, p.42), em sua Teologia Moral, fala da influência da obra de Cícero, De officiis, sobre os Santos Padres, especialmente sobre a obra de S. Ambrósio. Para condenar os senhores que negam aos escravos até aquilo que dão liberalmente aos animais, Benci recorre ao Sermão 33 de Santo Ambrósio, dizendo: “Quem não vê (diz S. Ambrósio) como nas casas de alguns senhores andam muito luzidos e gordos os cães; e, muito pelo contrário, pálidos e amarelos os servos e tão consumidos da fome, que não se podem ter em pé?” (1977, p.56). Häring, em sua Teologia Moral, fala da influência da obra de Cícero, De officiis, sobre os Santos Padres, especialmente sobre a obra de S. Ambrósio. Afirma aquele autor que a obra de Santo Ambrósio, apesar da notável influência estóica “Não é uma transposição do De officiis de Cícero, por intermédio do qual, aliás, êle se utiliza de numerosos conceitos dos estóicos, animando-os com um novo sopro de vida. Assim, por exemplo, o esquema das quatro virtudes cardiais, que Orígenes já havia introduzido na moral” (1960, p.42). Para condenar os senhores que negam aos escravos até aquilo que dão liberalmente aos animais, Benci recorre ao Sermão 33 de Santo Ambrósio, dizendo: “Quem não vê (diz S. Ambrósio) como nas casas de alguns senhores andam muito luzidos e gordos os cães; e, muito pelo contrário, pálidos e amarelos os servos e tão consumidos da fome, que não se podem ter em pé?” (1977, p.56). Também Füllöp Miller (1935, p. 208-213)., comentando a influência da moral dos estóicos sobre os jesuítas, diz que, em nenhuma parte, a moral jesuítica encontrou expressão tão clara como em Cícero o qual, mais tarde, veio a exercer grande influência sobre o cristianismo católico. Segundo o autor, “Especialmente os jesuitas testemunharam a esse eclético romano grandes honras e destinaram-lhe em seu sistema pedagógico um lugar de destaque. (Ver Füllöp Miller (1935); Maria Helena da Rocha Pereira (1987); e Bernard Häring (1960), nas Referências Historiográficas e Jorge Benci (1977 e Marco Aurélio (1969), nas Referências Documentais.