História e historiografia da educação

"A história da educação, por meio de sua historiografia, precisa ser saturada de historicidade, com a utilização de teoria e método adequados para não se perder em 'recortes' e 'modismos' sem historicidade."

Escrever sobre essa temática implica preliminarmente explicitar,ainda que de forma sintética, o que se entende por História e Historiografia. Em linhas gerais, enquanto que a Historia é o processo em que os homens agem e constroem suas vidas se relacionando uns com os outros no tempo e a historiografia é a reflexão escrita sobre este processo.

O sentido de se estudar a História está ligado em primeiro lugar ao fato de que o homem é um ser histórico. O elemento definidor da identidade essencial do homem é, portanto, sua historicidade. Em segundo lugar, pela necessidade que temos de conhecer o passado para compreendermos o que fomos através do conhecimento dos feitos das gerações anteriores.

Assim, podemos ter a consciência do que é possivel fazer para aprimorar/superar de forma transformadora o presente e projetar um futuro melhor tendo como base e fim a emancipação coletiva. A Memória Histórica é portanto um fator fundamental na construção da humanidade individual e coletiva.

Neste sentido, a destruição do passado é um dos mecanismos mais perversos de desagregação da vida e da historia da humanidade.

A contribuição que o historiador e o historiador da educação (respeitada a especificidade de seu objeto – educação) devem estar empenhados, é no sentido de impedir que o passado seja esquecido ou se transforme apenas em uma espécie de “memória” fossilizada e ahistórica. A história da educação, por meio de sua historiografia, precisa ser saturada de historicidade, com a utilização de teoria e método adequados para não se perder em “recortes” e “modismos” sem historicidade. Por outro lado, transformar a escrita da História da Educação num arremedo da História utilizando -se de fórmulas e jargões transplantados da História como “enfeites“ da pesquisa.

É necessário ter clareza sobre a teoria a partir da qual reconstrói cognitivamente a historia da educação para não ser preso nas armadilhas da ingenuidade metodológica. O Historiador da Educação precisa para isso de ter clareza do seu conceito de educação e o domínio teórico e metodológico de seu objeto de estudo.

Para que isso ocorra, a formação do historiador da educação tem que ter como fundamento uma abordagem historico-crítica que proporcione suportes teoricos e metodológicos mais consistentes ao desenvolvimento da pesquisa em história da educação. Este posicionamento implica em dizer que o historiador da educação precisa pensar historicamente. A partir dai teria condições de analisar o significado de pensar os efeitos transformadores do tempo nos sentidos retrospectivo e também no prospectivo para que seja possível se elevar do imediatismo do presente e planejar ações transformadoras individuais e coletivas.

Um tipo de formação que possibilite ao historiador da educação construir aquilo que Hobsbawm denomina de “convergência e não de dispersão” dos projetos de construção do conhecimento histórico. Ou seja, “uma historia empenhada em um projeto intelectual coerente"¹.

 

¹ E. J. Hobsbawm “Sobre História" SP: Cia das Letras, 1998, p. 10