Nova escola para aprender a ler, escrever e contar

NOVA ESCOLA PARA APRENDER A LER, ESCREVER E CONTAR[1]

 

Documento apresentado por Ana Palmira B. S. Casimiro[2]

 

 

 

 

Pode-se apresentar a Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever e Contar[3]

como um verdadeiro modelo de cartilha adotada no período colonial. Oferecida a Dom João V, pelo autor Manoel de Andrade de Figueiredo, foi impressa em Lisboa em 1722. Essa cartilha em alguns aspectos assemelha-se e em outros diferencia-se de Breve Instrucçam para ensignar a Doutrina christaã; Ler e escrever aos Meninos e ao mesmo tempo os principios da Lingoa Portuguesa e sua Orthografia, cartilha que já foi objeto de análise nesta mesma seção de Documentos.

 

O autor de Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever e Contar, Manoel de Andrade de Figueiredo foi um excelente calígrafo, conhecedor de pedagogia, e trabalhou como professor até 1735, quando faleceu[4].

A cartilha Nova Escola, diferente de grande parte dos manuais religiosos predominantes do século XVII, realça o papel primordial de uma nação quando “[...] os governos se prezam em espelhar os processos educativos no intento de formar bons cidadãos.”

 

 

Figura 3: Frontispício do Manual Nova Escola para Aprender a Ler

 

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Fonte: Cópia do Seminário de Caraça

 

 

A cartilha Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever e Contar assemelha-se com Breve Instrucçam basicamente nos conteúdos culturais relativos à preleção aos mestres e às preleções morais. No entanto, diferencia-se, nos seus conteúdos culturais, menos dedicados ao ensino da doutrina e mais voltados para estética caligráfica e aprendizagem da aritmética, da outra.

A cartilha Nova Escola está dividida em quatro tratados. O Tratado Primeiro são instruções para ensinar a língua portuguesa, a escolha dos mestres pelos pais, o ensino nas “escolas” e advertências quanto à doutrina cristã, a higiene, a postura do aluno, o cuidado com o material escolar e o método de ensino. O Tratado Segundo são instruções para ensinar a escrever todas as formas de letras, saber utilizar corretamente instrumentos como pena, tinta, papéis, pautas, saber distinguir tipos de grafia e regras de ortografia, bem como advertências para saber escrever.

 

Antes que se proponham as regras, que devem observar os mestres no ensino dos meninos pelo estilo mais breve e perfeito, adverte primeiro aos pais o sumo cuidado que devem ter nesta eleição que dela pende todo o bom ou mau sucesso de seus filhos, por cuja razão os antigos que de boa criação deles fizeram a devida consideração, sem perdoarem ao trabalho nem repararem ao estipêndio, procuraram os mais sábios mestres para sua educação (DEUSDADO, 1995, p.321).

 

Nova Escola contém 44 tábuas de desenhos destinadas aos exercícios de caligrafia e de composições decorativas. Destacam-se quadros emoldurados com arabescos, com mensagens morais e edificantes, com regras doutrinárias e de bem viver, de inspiração estóica: “Ainda que hum homem seja senhor do mundo, se o não for dos seus appetites pode-se contar entre o número dos infelices, porque do descasco do espírito depende a felicidade da vida” (FIGUEIREDO, 1772, s.p. apud PALÚ, 1978/1979). A mensagem abaixo se traduz por uma inspiração estóica.

 

A lição dos exemplos instrue mais que a dos preceytos, porque nos leva pela mão, nos guia mais seguramente, que a quelle a quem seguimos, indo diante de nós; e por isso os discípulos que os sábios instruem pela observação das suas acçõens saem muyto mais scientes que aquelles que seguram a instrução dos seus preceytos ( FIGUEIREDO, 1772, s.p. apud PALÚ, 1978/1979).

 

O Terceiro Tratado diz respeito às regras da ortografia língua portuguesa, as quais eram o emprego de letra maiúscula; dobrar as consoantes; plural,  ponto; vírgula; acentos agudo, grave, circunflexo, apóstrofo, til; parêntese; parágrafo e advertências para escrever corretamente.

O Quarto Tratado de Nova Escola está dedicado à ciência aritmética em termos de números (inteiros e quebrados), sinais e às quatros operações fundamentais (somar, diminuir, multiplicar e dividir) aprendidas por meio da taboada e de contas.

 

[1] Texto analisado por Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro, Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

[2] Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

[3] PALÚ, Pe. Lauro (C.M.). Nova escola para aprender a ler, escrever e contar (1722). Revista BarrocoBelo Horizonte, n. 10, p. 97-106, 1978/1979.

[4] DEUSDADO, Manuel António Ferreira. Educadores portugueses. Porto: Lello e Irmão Editores, 1995.

Período Histórico: