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Memória com história da educação: desafios eminentes

Lívia Diana Rocha Magalhães, José Alves Dias
Os textos do presente livro evidenciam de que há memórias sociais e coletivas, disputando no estágio alcançado pelo total capitalismo, uma educação capaz de recuperar e produzir um conhecimento formativo de caráter intelectual e que alie teoria e prática, ciência, trabalho e consciência histórica dos processos políticos os quais presidem uma sociedade, versus os presentismos históricos de uma escola que separa ou nega conhecimento didático-pedagógicos, referendados supostamente pela objetividade e neutralidade de seus conteúdos, visando a sua aplicação dentro de uma divisão do trabalho, onde o pensar e fazer, são formas de garantir escalas e distinções de meritocracias sociais e individuais. Nesse bojo de relações, pedagogias alternativas e sociais são desprezadas ou desarticuladas, toda vez que demonstram possibilidades concretas de esperança. Mas, não sem discussão e disputa por seus coletivos sociais. Uma História e uma Memória Social da Educação que se entrecruzam no presente, e se revelam no texto em que foram produzidos e aqui apresentados, quando o professor Juan Mainer (FIDICARIA, ES), coloca em evidência a negação do conhecimento crítico, acerca do passado traumático espanhol no currículo escolar e, que, parece estar falando, claro, em suas devidas diferenças históricas, do caso brasileiro. Em seguida, a professora Marize Ramos (FIOCRUZ-RJ), situa como a recomposição de políticas educacionais para o ensino médio as quais pareceriam estar em processo de superação, continuam rodando as políticas educacionais brasileiras, por meio da chamada contrarreforma do ensino médio no Brasil, implementada em 2016. Por sua vez, o professor Deribaldo Santos (UECE), e seus orientandos de Iniciação Científica Ellen Ribeiro e Thiago Sabino, situam com as definições de técnica e tecnologia, adentram ao currículo do Ensino Médio, visando reificar políticas educacionais de tal natureza. Aliás, um modelo de escola que parece novo, mas que carrega nas suas entranhas um projeto que foi propalado durante o governo civil-militar, a exemplo, das escolas agrícolas, como pode ser visto no texto do professor Estácio Moreira (IFBaiano e a da profa. Lívia Magalhães (UESB-PPGMLS-MP). Depois, Sandra Caminha (Minter PPGMLS-IFMA) e sua orientadora durante o mestrado, a profa. Lívia Magalhães, nos oferecem um retrato de memórias sociais e coletivas de professores, como também uma memória teórica escrita nos documentos do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, que em suas contradições sociais e pedagógicas, revelam as disputas importantes entre um dever de ser baseado na escola politécnica e a realidade construída historicamente de modo dominante como sua negação. Mas, dentro da realidade educacional brasileira, poderíamos dizer, que há também outras memórias pedagógicas e sociais em disputa, as quais se manifestam por exemplo, na Pedagogia da Alternância, discutida pelo eminente prof. Paolo Nosella (Ufscar). De outra parte, Gilmara da Cunha em conjunto com a sua orientadora durante o mestrado, a profa. Mary Arapiraca (UFBA), situam que é preciso documentar experiências concretas da educação infantil, visando demonstrar que, mesmo dentro dos limites impostos pelas políticas educacionais brasileiras, há experiências importantes em curso na realidade. Depois, vamos encontrar o texto do prof. José Dias (DH-PPGMLS e MP-UESB), que nos faz retornar aos chamados anos de chumbo, os quais reaparecem em novos e velhos moldes nos assombrando, fazendo-nos lembrar de que há memórias políticas, elucidando um passado histórico de luta, mesmo em tempo difíceis, quando o autor recupera, a atuação dos movimentos de estudantes baianos, finalizando este livro com a perspectiva de que há sempre possibilidades de lutar por nossos ideais. Eis um livro, o qual nos coloca de frente para o presente em sua dialética histórica sob o crivo de suas contradições, demonstrando que se há consensos históricos dominantes de um dado modelo de educação, há também memórias em disputa e que apesar das políticas oficiais continuarem em voga, também há, memórias sociais em disputa, sempre tomando partido da escola. E, não poderíamos deixar de registrar e agradecer a oportunidade de realização do Mestrado Interinstitucional - MINER aprovado pela CAPES e oferecido pelo Programa em Memória, Linguagem e Sociedade (2016) para professores do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, sem os quais, não poderíamos ter organizado o presente livro.
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