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Guia de fontes da bibliografia de e sobre Carneiro Leão

Jonathas de Paula Chagur, Maria Cristina Gomes Machado
Como o mundo moderno passa por constante transformação, não seria obstante dizer que a área da educação, em particular, da história da educação brasileira, passou por transformações que traduzem um intérrito interesse dos pesquisadores na produção de uma literatura que expressa o processo de formação dessa área, precisamente a partir da década de 1990. A área encontra–se consolidada, apresentando perspectivas promissoras ao desenvolvimento de pesquisas oriundas dos cursos de formação em nível de mestrado e doutorado em educação no Brasil (SAVIANI, 2006; NETO, 2012; BAIA HORTA, 2012). Atualmente, há cerca de 159 programas e cursos de pós–graduação em educação, segundo dados sobre os programas de pós–graduação em educação, fornecidos anualmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2015), órgão do Ministério da Educação (MEC), responsável pelo reconhecimento e avaliação de cursos de pós–graduação stricto–sensu (mestrado profissional, mestrado acadêmico e doutorado) em âmbito nacional. Essa estimativa apresenta dados que podem ser relacionados com o ensino e a pesquisa em história da educação, refletindo, de certo modo, nos estudos de fontes, temas e métodos utilizados nos trabalhos da área. Tudo isso se constitui nas mais variadas pesquisas que são apresentadas e discutidas em eventos da área em âmbito nacional e internacional, tais como: o Congresso Ibero–Americano de História da Educação Latino–Americana; Congresso Luso–Brasileiro de História da Educação; Congresso Brasileiro de História da Educação; Seminários do HISTEDBR; e a Associação Nacional de Pós–graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) nacional e regional. Com o aumento da quantidade de trabalhos apresentados e, consequentemente, publicados nos anais e cadernos de comunicação desses eventos (sem mencionar as revistas especializadas e livros organizados), em seus mais diversos eixos temáticos1 que constituem a história da educação, é de fundamental importância debruçar um olhar atento em torno das produções apresentadas nos eventos da área com o intuito de constituir uma reflexão sobre os fenômenos educativos que compõem o debate historiográfico educacional brasileiro. Para conseguir acompanhar a crescente demanda do que se tem produzido na área, os pesquisadores, de modo geral, precisam estar atentos não só a uma literatura do que se produz na área, mas também a uma literatura do que se produz sobre a área. Em outras palavras, conforme Bellotto (1979) surge à necessidade de se elaborar uma catalogação, segundo a perspectiva descrita no campo da arquivologia, que possa ordenar, classificar e apresentar o uso de todas as fontes reunidas em um instrumento. No entanto, qual termo utilizar para denominar o uso desse instrumento para coletar os dados no âmbito da pesquisa histórica? Qual nome o pesquisador deve utilizar? Como chegar a uma terminologia com certa exatidão a sua denominação lexical? Diversas dúvidas surgiram da terminologia arquivística nos países (Estados Unidos, França e Espanha) onde esses estudos estavam adiantados ao longo da década de 1970 (BELOTTO, 1979), para denominar o termo de uso do instrumento para a coleta de dados. Dos termos recorrentes, Bellotto (1979) conceitua terminologicamente os termos instrumento de trabalho, instrumento de busca ou instrumento de investigação. Dentre esses vários termos, prevalece, então, o termo instrumento de pesquisa. Contudo, é importante destacar um aspecto nessa apresentação. Este guia de fontes é resultado do documento Bibliografia de e sobre Carneiro Leão: um instrumento de pesquisa, elaborado para subsidiar as discussões da tese de doutoramento do autor no atual Programa de Pós–graduação em Educação (PPE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), orientado pela Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Gomes Machado. Com o objetivo de analisar a reforma do ensino de língua estrangeira moderna, no ensino secundário no Colégio D. Pedro II, entre os anos de 1930–1934, o documento focalizou para tese de doutorado os aspectos relativos aos autores, à produção e à disseminação de pesquisas relacionadas acerca das ações educacionais do professor e intelectual brasileiro Antônio Carneiro Leão para pesquisas desenvolvidas na área da história da educação. Diante disso, este guia de fontes, então, foi desenvolvido no âmbito dos estudos do grupo de pesquisas “História da Educação, Intelectuais e Instituições Escolares – GEPHEIINSE2”. O grupo, criado em 2006, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Gomes Machado e pela Prof.ª Dr.ª Analete Regina Schelbauer, abrange investigações sobre a “Educação e História da Educação” que se articulam com a sociedade nos aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. A partir da linha de pesquisa – educação e história da educação –,o GEPHEIINSE abarca projetos de pesquisa que se subdividem em três eixos de investigação: “História e Memória das Instituições Escolares no Brasil”; “História e Memória da Formação de Professores” e “História da Educação Pública e Intelectuais”. À medida que o GEPHEIINSE abrange todos esses eixos de investigação em sua linha de pesquisa (educação e história da educação), o grupo, formado por docentes, alunos e egressos do Programa de Pós–Graduação em Educação (PPE), do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e Programa de Iniciação Científica (PIC) da UEM, vem disseminando os resultados de suas pesquisas em eventos nacionais e internacionais, constituindo a sua produção em anais, livros, capítulos de livros, artigos em periódicos, teses, dissertações e monografias. Além disso, seus pesquisadores estão vinculados ao grupo nacional de estudos e pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR)”, criado em 1986, certificado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), contribuindo, portanto, para o aprimoramento do exercício da pesquisa acadêmica. Nessa perspectiva, cabe aqui levantar uma questão proposital a esta apresentação: Por que utilizar fontes históricas para discutir história da educação? Não obstante de uma resposta que traduza as dificuldades de reunir fontes impressas e arquivísticas, muitas vezes, lacunares e residuais na pesquisa histórica, a interpretação das fontes só adquire “[…] o estatuto de fonte diante do historiador que, ao formular o seu problema de pesquisa, delimitará elementos a partir dos quais serão buscadas as respostas às questões levantadas” (SAVIANI, 2013, p. 14). Por essa razão, nos estudos correspondentes a historiografia da educação, fontes são “[…] o ponto de apoio da construção historiográfica que é a reconstrução, no plano do conhecimento, do objeto histórico estudado” (SAVIANI, 2013, p. 13). São as fontes que indicam ao pesquisador o manuseio crítico no campo da historiografia com relação à enunciação do aprofundamento de certas questões teórico–metodológicas, garantindo–lhe um novo olhar aos fatos, tornando–se, pela sua prática e pela sua pesquisa, um historiador da educação. Paranavaí, 10 de março de 2017 Prof. Dr. Jonathas de Paula Chaguri Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado
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